Aécio volta para manter protagonismo
Tucano planeja fazer um pronunciamento incisivo no Senado no qual criticará o governo sem mencionar uma conciliação nacional
Foto: AFP
Depois de uma breve temporada recluso na
fazenda de sua família em Cláudio, no interior de Minas Gerais, o
senador Aécio Neves, candidato derrotado do PSDB ao Palácio do Planalto e
presidente nacional da sigla, desembarca hoje (4) em Brasília com uma
agenda preparada sob medida para apresentá-lo como líder e porta-voz da
oposição à presidente reeleita Dilma Rousseff (PT).
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O tucano planeja fazer entre e hoje e
amanhã um pronunciamento incisivo no Senado no qual, segundo seus
aliados, criticará o governo, sem mencionar uma conciliação nacional.
Aécio rejeitará porém, a tese de pedir o impeachment da presidente. Este
foi mote de uma série de manifestações em capitais brasileiras
realizadas no fim de semana. Na manhã de quarta-feira, Aécio tentará
transformar a primeira reunião da direção executiva do PSDB depois da
eleição em uma demonstração de força e unidade partidária em torno de
seu nome.
“Será mais que uma reunião, mas um ato
político para marcar a volta de um senador que recebeu 51 milhões de
votos. Será também a primeira demonstração de que ele encarna a partir
de agora o papel de maior líder da oposição nacional”, diz o deputado
federal Bruno Araújo, presidente do PSDB pernambucano e membro da
direção executiva nacional da legenda.
Além da cúpula partidária, foram
convidados para o ato, que acontecerá em um auditório para 300 pessoas
no Senado, deputados eleitos e derrotados, governadores e senadores.
Governador reeleito de São Paulo,
Geraldo Alckmin não estará presente. Ele pediu a Aécio que realizasse
outro evento no fim de semana, apenas com governadores aliados.
Apesar da tentativa de demonstrar
unidade e de encher seu retorno de simbolismos, o papel do senador
mineiro no cenário nacional é relativizado por setores expressivos do
partido.
“Esperamos que ele dê resposta ao que se
colheu das ruas, mas não dependemos do discurso de apenas um.
Precisamos de mais gente na linha de frente da oposição”, diz o senador
reeleito Alvaro Dias, do Paraná.
Para o ex-governador paulista Alberto
Goldman, vice-presidente do PSDB, Aécio é o nome “mais expressivo” do
partido nacionalmente, mas seu discurso representará uma “expressão
individual”. “A fala dele ainda não será resultado de uma avaliação
coletiva”, afirma.
Em seu retorno, o senador terá que
administrar a primeira crise interna da legenda. Setores do PSDB e
integrantes da executiva reclamam que não foram ouvidos sobre a decisão
da sigla de pedir ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) uma auditoria do
processo eleitoral.
Reservadamente, tucanos classificam a
iniciativa como um “tiro no pé” que serviu apenas para dar munição aos
petistas que acusam o PSDB de pedir um “3º turno”. Diante do fato
consumado, Aécio deve defender a ideia, mas com a ressalva de que
reconhece a derrota.
Esses mesmos tucanos também rechaçam a
proposta de se pedir o impeachment da presidente Dilma Rousseff e
criticam as manifestações em defesa da volta da ditadura militar.
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