Cunha é vaiado por movimento LGBT na Assembleia do Rio Grande do Sul
Manifestantes, a exemplo do que ocorreu na sexta em SP, deram beijo gay.
Presidente da Câmara foi recebido com gritos de 'Fora, Cunha'.
O presidente da Câmara dos Deputados,
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi recebido com vaias e beijo gay em um evento
para debater a reforma política na Assembleia Legislativa do Rio Grande
do Sul, em Porto Alegre, nesta segunda-feira (30). O protesto,
realizado por representantes do movimento LGBT, foi similar ao
organizado na última sexta (27), quando Cunha também foi vaiado na Assembleia de São Paulo.
O presidente da Câmara tem sido alvo de
protestos de movimentos ligados à causa LGBT. Ele já manifestou opinião
contrária à criminalização da homofobia.
Nesta segunda (30), antes mesmo de o
evento começar, manifestantes já aguardavam na porta do prédio do
legislativo gaúcho com faixas e cartazes de protesto. Quando Cunha
chegou ao teatro da Assembleia onde seria realizado o debate, houve
vaias e gritos de "fora" e "não me representa".
As vaias e gritos continuaram na
abertura do evento e durante a execução do Hino Nacional. Diante das
manifestações contrárias a Cunha, o presidente da Assembleia do Rio
Grande do Sul, deputado estadual Edson Brum (PMDB), optou por suspendes a
sessão.
"Antes de saudar a Mesa Diretora, queria
pedir a gentileza a todos, nós estamos em um estado democrático,
conquistado por todos, e precisamos oportunizar que todos se manifestem e
pediria a gentileza que o fizessem ao seu tempo", disse o parlamentar
gaúcho pouco antes de interromper o evento.
saiba mais
Cunha ouviu os protestos sentado à Mesa
do plenário, junto de autoridades e do vice-presidente da República,
Michel Temer. Brum se aproximou dos manifestantes para ouvi-los e tentar
pedir silêncio, para que o debate começasse. "Eles não querem
negociar", disse.
Cerca de 15 minutos após interromper a
sessão, o presidente da Assembleia do Rio Grande do Sul retomou o evento
em outro local do prédio, desta vez no plenário, fechado para a
presença dos manifestantes.
Após a retomada do debate, Brum fez uma
introdução ao tema da reforma política e passou a palavra a Cunha. No
microfone, antes de começar sua fala, Cunha criticou o que chamou de
"intolerância".
"Sobre a intolerância que a gente acabou
de assistir. Aqueles que não respeitam o Hino Nacional, não podem se
permitirem a qualquer outro tipo de manifestação democrática. O debate, o
contraditório, é sempre agradável e salutar e nós todos estamos sempre
dispostos a ouvir e debater. Mas todos com respeito ao direito de falar,
ao direito de ouvir. O respeito previsto na Constituição. [...] Foi
lamentável a intolerância, mas meus cumprimentos aos intolerantes
também", afirmou.
Ao deixar a Assembleia Legislativa, após
seu discurso, Cunha foi questionado por jornalistas sobre os protestos.
Ele disse que as manifestações não o preocupam e nem vão mudar a agenda
de compromissos.
"Nem um pouco preocupado [sobre
manifestações]. Vinte, 30 pessoas, que vêm só para agredir não têm que
causar nenhuma preocupação. Isso não é democracia, é intolerância",
afirmou Cunha.
Ele também ressaltou que o Congresso
Nacional está aberto a debater qualquer tema, desde que com "respeito à
ordem e à democracia". Ele acrescentou ainda achar que o grupo que fez o
protesto foi "previamente escalado para isso" com "motivação" política.
"O Parlamento está sempre aberto a
qualquer debate. Qualquer movimento é legítimo. Seja de qualquer lado.
Não tenho nenhuma opinião, nem contra nem a favor, acho que são
legítimos, desde que sejam no respeito à ordem e a democracia.
Movimentos, que seja, que não respeitam sequer a execução do Hino
Nacional... nem acredito que isso represente o movimento. Acho que isso é
mais um grupinho que está previamente determinado a esse tipo de
agressão, escalado para isso, com motivação politicamente e a gente vê
claramente quem é”, sustentou.
Reforma política
Na fala sobre reforma política, o presidente da Câmara prometeu votar a reforma política em maio e ainda questionou a necessidade de se realizar uma campanha eleitoral de 90 dias e placas de propaganda eleitoral em "cada esquina".
Na fala sobre reforma política, o presidente da Câmara prometeu votar a reforma política em maio e ainda questionou a necessidade de se realizar uma campanha eleitoral de 90 dias e placas de propaganda eleitoral em "cada esquina".
"Por que a gente precisa de 90 dias de
campanha no primeiro turno? Isso não faz com que a gente tenha um custo
bastante elevado. Será que nós precisamos ter placa em cada esquina?
Gasta para colocar a placa e ainda paga multa pela placa. Isso é um
debate que tem que ser feito", disse.
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