segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

PMDB decide hoje se pune Jarbas Vasconcelos




BRASÍLIA - A cúpula do PMDB vai se reunir hoje para avaliar se pune o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) pelas declarações que ele deu em entrevista à edição da revista "Veja" que está nas bancas. Uma das estrelas do partido, o também senador Pedro Simon (RS) concorda com tudo o que foi dito por Jarbas, mas faz uma ressalva: "Acontece o mesmo com os outros partidos, PT, PSDB, DEM, PPS e PTB".

A análise das declarações vai ser feita pelo presidente do partido, o deputado Michel Temer (SP), em reunião com os líderes. O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) antecipou que defenderá a saída do senador do partido. "Ele generalizou. Ele não deve se sentir confortável em permanecer no PMDB depois das críticas que fez ao partido. Ele deve sair", disse Cunha.
O que disse Jarbas

Segundo o senador Jarbas Vasconcelos, o PMDB atual não passa de "uma confederação de líderes regionais, cada um com seu interesse, sendo que mais de 90% deles praticam o clientelismo, de olho principalmente nos cargos - para fazer negócios, ganhar comissões." E mais: "Alguns ainda buscam o prestígio político. Mas a maioria dos peemedebistas se especializou nessas coisas pelas quais os governos são denunciados: manipulação de licitações, contratações dirigidas, corrupção em geral."

De acordo com Jarbas, que já governou duas vezes o Estado de Pernambuco, a degradação do partido teria se acentuado de 1994 para cá, quando "resolveu adotar a estratégia pragmática de usufruir dos governos sem vencer a eleição. Daqui a dois anos, o PMDB será ocupante do Palácio do Planalto, com José Serra ou Dilma Rousseff. Não terá aquele gabinete presidencial pomposo no 3º andar, mas terá vários gabinetes ao lado".

Sobre a eleição do ex-presidente José Sarney, seu colega de partido, para a presidência do Senado, o senador pernambucano disparou: "É um completo retrocesso. A eleição de Sarney foi um processo tortuoso e constrangedor. Havia um candidato, Tião Viana, que, embora petista, estava comprometido em recuperar a imagem do Senado. De repente, Sarney apareceu como candidato, sem nenhum compromisso ético, sem nenhuma preocupação com o Senado, e se elegeu. A moralização e a renovação são incompatíveis com a figura do senador."

Para Jarbas, "Sarney vai transformar o Senado em um grande Maranhão". Nos anos da ditadura, Jarbas fez parte do núcleo dos autênticos do MDB - como eram chamados os parlamentares mais aguerridos e coerentes na luta contra o regime militar. Na abertura, sempre foi elogiado por Luiz Inácio Lula da Silva, que chegou a pensar no nome dele para disputar o cargo de vice-presidente.

Hoje, porém, Jarbas é um crítico severo e incansável do governo Lula, que, na entrevista, classifica como "governo medíocre". Sobre a popularidade do presidente da República, ele disse: "O marketing e o assistencialismo de Lula conseguem mexer com o País inteiro. Imagine isso no Nordeste, que é a região mais pobre. Imagine em Pernambuco, que é a terra dele. Ele fez essa opção clara pelo assistencialismo para milhões de famílias, o que é uma chave para a popularidade em um país pobre. O Bolsa Família é o maior programa oficial de compra de votos do mundo."

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