Base aliada tenta agilizar formação da CPMI do Cachoeira
17/4/2012 13:54, Por Redação - de Brasília
Ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti desmentiu, na manhã desta terça-feira, a informação divulgada, na véspera, por jornais e TVs da imprensa conservadora, que o governo tenha trabalhado para atrasar a formação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira, destinada a investigar as ligações de altos integrantes do Executivo, do Judiciário e do Legislativo com o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Segundo Ideli, a investigação é uma questão do Legislativo e a orientação da presidenta Dilma Rousseff é apenas no sentido de que os trabalhos da CPMI não atrapalhem as votações no Plenário. Segundo Ideli, Dilma foi bem clara em afirmar que não tem o menor interesse em adiantar ou atrasar nada em relação ao escândalo que liga o senador Demóstenes Torres (ex-DEM), o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), de Brasília, Agnelo Queiroz, e do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho, além de empresários e outros parlamentares, ao contraventor goiano.
– Trabalhamos para manter as votações dentro da normalidade. O foco do governo é continuar as votações. A CPI é uma deliberação do Poder Legislativo – disse Ideli, durante o café da manhã com os líderes da base aliada, nesta terça-feira.
Ainda segundo a ministra, a expectativa dos líderes da base aliada é a de encerrar a colheita de assinaturas para a criação da CPI nas próximas horas.
- Não há qualquer sinal de recuo por parte dos parlamentares aliados – afirmou a ministra.
Parlamentares ligados ao DEM, ao PSDB e demais partidos à direita têm tentado mudar o foco das investigações, segundo observou um dos parlamentares presentes ao encontro com Ideli, nesta manhã, mas não em número suficiente para influenciar, de forma alguma, na formação da CPMI. Por parte do governo, a montagem da CPMI tem sido conduzida por Ideli de forma a integrá-la com quadros para assessorar tecnicamente os aliados na comissão. Funcionários mais experientes do Congresso têm sido disputados entre oposição e os governistas.
De acordo com a orientação do governo, o objetivo é se antecipar na escolha destes quadros técnicos e traçar a estratégia de atuação, bem como dissecar as centenas de dados que chegam a uma CPI a pedido dos parlamentares. A ministra tem participado ativamente da escolha do relator, mantendo uma série de reuniões com líderes e parlamentares, como nesta manhã.
Homem de confiança de Ideli, o deputado Odair Cunha (PT-MG) foi sondado, na véspera, para ocupar a relatoria, mas não foram abandonadas as hipóteses de contar com nomes como do ex-líder Paulo Teixeira (PT-SP) e do ex-ministro Luiz Sérgio (PT-RJ). Apesar da disposição do ex-líder Cândido Vaccarezza (PT-SP) de assumir a tarefa, ele ainda enfrentava resistência no Palácio do Planalto. Participantes da negociação alegavam desconhecer a decisão final porque sua condução acontece “em outras esferas” que não do Congresso Nacional.
Outro nome que enfrenta resistências dentro do próprio partido é o do ex-governador fluminense Anthony Garotinho (PR-RJ). Ele ameçou ir à Tribuna do Plenário para protestar por ter sido preterido para uma vaga na comissão “por determinação do Palácio”. O líder do partido, Lincoln Portela (MG), garante porém que escolha obedeceu à ordem de apresentação de pretendentes. Uma possível relação entre o bicheiro Cachoeira e o governo do Rio durante a gestão de Garotinho teria pesado na decisão de não o convidar para a CPMI.
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