Eduardo Cunha se complica após possível falso ‘grampo’ da PF
22/1/2015 12:47
Por Redação - de Brasília
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Naufraga a boia à qual o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) agarrou-se, na esperança de sair do foco de suspeitas em que foi lançado na Operação Lava Jato. Às vésperas das eleições para a Presidência da Mesa, na Câmara dos Deputados, a Polícia Federal reage ao factoide de uma gravação atribuída a delegados federais, na qual ele é citado como chefe de um esquema mafioso.
Segundo o jornalista Fernando Brito, editor do blog político Tijolaço – um dos mais acessados do país – “o deputado Eduardo Cunha anunciou que um áudio ‘grampeado’ estaria sendo preparado para incriminá-lo nos casos de corrupção da turma do Paulo Roberto Cunha e Alberto Yousseff”.
“Quem o escutar verá que tem toda a pinta de armação, mesmo, pois os personagens falam de forma inverossímil. De qualquer forma, será fácil identificar a origem, tanto da gravação quanto das vozes que ela registra, se o deputado informar quem lhe passou a ‘muamba’ policial. (…) A gravação parece seguir um roteiro ‘encomendado’ para se mostrar mesmo uma armação. O que existe contra o deputado é a confissão, com todas formalidades a legitimá-la, de um policial federal que admite que fazia entregas de dinheiro a políticos e empreiteiros. E a favor do deputado a declaração do advogado de Yousseff que sempre se apressa a negar qualquer detalhe que envolva políticos que fazem oposição ao Governo, mas que é esquivo e concorda, silenciosamente, com qualquer menção a governistas”, afirma o jornalista.
A possível peça de ficção estabeleceu a guerra entre os rivais Arlindo Chinaglia (PT-SP) e Cunha. A campanha petista tratou de mostrar que o adversário se fazia de vítima e, segundo o líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS), trata-se de um fato “inaceitável” a armação supostamente orquestrada pela PF, a mando do governo, com o objetivo de constranger sua candidatura:
– É tanto quanto incompreensível a fala dele. Se essa gravação é falsa, ele deve colocar uma denúncia dizendo isso, mas não criar outra falsa acusação. Chamar a imprensa para acusar o governo e a Polícia Federal de estarem forjando para interferir no resultado da eleição é algo inaceitável – afirmou Fontana, a jornalistas.
O parlamentar gaúcho considerou “erro” de Cunha veicular o assunto em meio à disputa pela Presidência da Câmara, principalmente, porque o nome dele já havia surgido nas investigações do esquema de propina conduzido por Yousseff. Na antevéspera, Eduardo Cunha distribuiu à imprensa CDs com cópias do áudio que simula uma conversa entre uma pessoa que supostamente conhece o deputado com outra se passava por um policial.
O deputado Paulo Teixeira (PT-SP), um dos coordenadores da campanha de Chinaglia, escreveu em sua página no Twitter que foi uma tentativa de Cunha de criar um factoide. Da outra parte, a campanha de Cunha diz que tudo não passa de uma armação de grupos que querem eleger o petista e atribui os atos aos mesmos “aloprados” que agiram durante o governo Lula.
– Eduardo Cunha, sentindo a derrota para a Presidência da Câmara, inventa um factoide, e atira-se na área para cavar um pênalti – compara Teixeira.
O deputado Eduardo Cunha, na sequencia dos fatos, relata que conversou por telefone, na véspera, com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que estava em Madrid, a convite do governo Espanhol. Ele garantiu que o irá encontrar, na próxima terça-feira, para tratar da gravação.
– Quero essa investigação, mesmo que ela somente seja concluída depois da eleição da Mesa Diretora – diz o peemedebista.
Cunha, segundo afirmaram coordenadores da campanha petista, tenta se adiantar a possíveis denúncias deverão surgir nos próximos dias, por parte do Ministério Público, dentro da Operação Lava-Jato.
Segundo o deputado Anthony Garotinho (PR-RJ), o que ainda sustenta a campanha de Cunha “é o dinheiro”.
– Politicamente, a campanha de Eduardo Cunha não se sustenta. O que o mantém no páreo é o pagamento das despesas de campanha de muitos deputados, em troca do apoio deles à sua candidatura – concluiu.
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