Em Brasília
Dos 24 deputados que compõem a Câmara Legislativa do Distrito Federal, a expectativa é de que apenas 15 deles possam votar na próxima terça-feira (2) sobre o impeachment do governador afastado, José Roberto Arruda (sem partido). Um levantamento feito pelo UOL Notícias mostra que a maioria deles sinalizou ser favorável à continuidade do processo. Ontem, a comissão especial da Casa aprovou por unanimidade a abertura do processo, que já havia sido indicada pelo relator, o deputado Chico Leite (PT).
Para ser aprovado, o relatório precisa ser aceito pela maioria simples dos parlamentares presentes na sessão, o equivalente a 50% mais um. Apenas 15 deputados deverão votar porque oito deles são investigados pela Casa, pela Polícia Federal e pelo Ministério Público por envolvimento no que ficou conhecido como o mensalão do DEM, um esquema de corrupção e pagamento de propina a servidores e prestadores de serviço do Distrito Federal.
Os deputados investigados são: Ayilton Gomes (PR); Benedito Domingos (PP); Benício Tavares (PMDB); Eurides Brito (PMDB); Júnior Brunelli (PSC); Leonardo Prudente (sem partido- que renunciou nesta sexta-feira); Rogério Ulysses (sem partido); Rôney Nemer (PMDB).
Nos bastidores, chegou a ser questionado se os suplentes desses distritais poderiam fazer parte da decisão. No entanto, eles ainda não foram chamados oficialmente para substituir o posto dos titulares e, consequentemente, ainda não tem poder de voto.
Além dos oito, a Câmara Legislativa perdeu mais um de seus integrantes, Wilson Lima (PR), que assumiu nesta semana o governo interino no lugar de Paulo Octávio (sem partido, ex-DEM), que renunciou.
O novo presidente da Câmara Legislativa é o petista Cabo Patrício, que ao lado da bancada da legenda, deseja que os processos avancem. “O voto é aberto e nominal. Os deputados que quiserem se candidatar têm de dar uma resposta para a sociedade, e a resposta é o impeachment”, defende.
Os quatro deputados da bancada do PT, Chico Leite, Érika Kokay, Paulo Tadeu e Cabo Patrício, e outros cinco parlamentares, inclusive da antiga base aliada de Arruda, garantiram ao UOL Notícias que irão votar pela cassação do mandato do governador afastado e preso – o que já representa a maioria.
Após a votação, Arruda terá 20 dias para apresentar sua defesa. O relator do caso terá então mais dez dias para apresentar um novo relatório, que deverá ser levado novamente para votação em plenário. Nesta última etapa, a aprovação depende do “sim” de 2/3 dos deputados presentes. Em caso positivo, um novo prazo de 120 dias é dado para formação de um tribunal misto, composto por cinco deputados e cinco desembargadores que dão a decisão final sobre o impeachment de Arruda, que perderia os direitos políticos por cinco anos.
Veja como pretendem votar os deputados distritais:
Aprovarão o impeachment (9):
Alírio Neto (PPS)
“Tenho convicção de que será votado [favoravelmente à cassação], mesmo eu e meu partido estarmos com ele [Arruda] desde 1998. Nós temos compromisso com o programa de governo, não com a pessoa de Arruda”
Bispo Renato Andrade (PR)
“Na minha avaliação, vai ser aprovado sim. O deputado que recuar agora vai sofrer as consequências no seu eleitorado”
Cabo Patrício (PT)
“Não vai ter embate nenhum. Não existe mais governo e a sociedade quer uma resposta. Hoje mesmo (sexta-feira), a decisão foi unânime [na comissão especial]”
Chico Leite (PT)
“Deve ser aprovado por maioria simples, sim. A Casa vai refletir. Não acredito em surpresas. O parecer tem lastro jurídico. Um ou outro pode discutir politicamente, mas não juridicamente”
Cristiano Araújo (PTB)
A assessoria dele informou que o parlamentar deve manter o mesmo voto desta sexta-feira, quando foi favorável ao prosseguimento do processo contra Arruda na Comissão Especial, onde era presidente
Erika Kokay (PT)
“Acredito que vota sim. O processo deve seguir seu curso”
Paulo Roriz (DEM)
“Não estou aqui para fazer julgamento pessoal, mas sim um técnico-político. Eu acho que vão ser uma votação dentro da linha do que já está acontecendo. Acho que não vai haver nenhuma interferência”
Paulo Tadeu (PT)
"Sinto que houve uma mudança: a base aliada está praticamente dissolvida. Estou bem confiante que será aprovado"
Reguffe (PDT)
“Eu vou votar [a favor]. Os fatos são muito graves. Houve desvio de dinheiro público. Isso é inaceitável”
Em cima do muro (2):
Milton Barbosa (PSDB)
O parlamentar disse por meio de sua assessoria de imprensa que preferia não comentar o assunto
Raimundo Ribeiro (PSDB)
Cauteloso, o distrital afirmou que passaria o fim de semana lendo o parecer do deputado Chico Leite (PT) para fazer um voto “mais fundamentado”. “Vou analisar primeiro para poder me manifestar depois. Não posso fazer nenhuma ilação sem conhecê-lo”
Não deram retorno ao contato feito pelo UOL Notícias (4):
Batista das Cooperativas (PRP)Dr. Charles (PTB)
Eliana Pedrosa (DEM)
Jaqueline Roriz (PMN)
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