terça-feira, 26 de abril de 2011

Irritado com pergunta, Requião 'confisca' o gravador

  Folha
Dono de temperamento mercurial, o senador Roberto Requião (PMDB-PR) reagiu de maneira inusitada a uma pergunta que o desagradou.
Requião concedia entrevista a um repórter da Rádio Bandeirantes. Discorria sobre economia.
A coisa desandou quanto o entrevistador mudou de assunto.
Quis saber de Requião se ele admitia abrir mão da pensão que recebe como ex-govenador do Paraná.
O senador respondeu uma, duas vezes. Na terceira, arrancou o gravador das mãos do repórter incômodo.
Mais tarde, mandou restituiu o equipamento ao dono. Guardou para si, porém, o conteúdo.
Premido pela repercussão do episódio, o senador levou à web o teor da conversa que confiscou. Ouça aqui.
Antes, Requião comentara, no twitter: “Acabo de ficar com o gravador de um provocador engraçadinho. Numa boa, vou deletá-lo”.
Ironizou: “O reporter da Band queria saber da pensão da mãe do Beto Richa. Devia entrevistar o Beto, não a mim”.
A pensão paranaense rende a ex-governadores e suas viúvas R$ 24 mil mensais.
O governador Beto Richa (PSDB) cancelara as pensões de quatro beneficiários. Entre eles Requião.
O senador foi ao Judiciário. Voltou a receber. Na semana passada, o Tribunal de Justiça do Paraná revogou a decisão.
Deve-se a ironia de Requião ao fato de Beto Richa não ter cancelado as pensões autorizadas antes da promulgação da Constituição de 1988.
Salvaram-se cinco ex-governadores e quatro viúvas. Uma delas é Arlete Richa, viúva do ex-governador José Richa, mãe de Beto.
No microblog, Requião queixou-se do noticiário: “O jornalista agressor está conseguindo o sucesso que pretendeu, e a ‘catigoria’ esta alvoroçada. A discussão é boa”.
Meteu outro meio de comunicação na encrenca: “A Folha já me difamou e agrediu sem contraditório e sem me dar direito de resposta”.
Qual foi a difamação da Folha? Não disse. Buscou reparação juducial? Não informou.
Generalizou os ataques: “Os donos da mídia não querem contraditório, fascistas promovem massacre. Venham que aqui tem café no bule”.
Requião comparou os repórteres a estudantes que agridem colegas indefesos nas salas de aula. E posou de agredido:
“Jornalistas querem transformar entrevista em bullyng, escondidos em indulgência plenária com imprensa. Censura não, respeito sim”.
Pegou em lanças: “Vou à luta pela regulamentação do direito de resposta. Fim do jornalismo de aluguel e da falta de respeito”.
Cabe a pergunta: Numa boa, como diz Requião, não teria sido mais simples o senador dizer ao repórter que não queria responder?
Ninguém está obrigado a dizer o que não quer. Daí a tomar gravador... Bullyng? Ora, francamente! Requião é mais inteligente do que isso.
O repórter da Bandeirantes tentou registrar queixa na Polícia do Senado. Nada feito. Corregedoria? Não há corregedor.
Disse que irá a uma delegacia convencional. Inútil. Congressistas não costumam ser alcançados por inspetores de quarteirão.
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Escrito por Josias de Souza às 21h36

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