quarta-feira, 16 de abril de 2008
"Estou construindo o que era o sonho de Lula" (Senador Paulo Paim)
Entrevista - Zero Hora e O Pioneiro
Enquanto os aposentados comemoram, o governo faz as contas. Os senadores aprovaram na quarta-feira a extinção do fator previdenciário, adotado em 1999 para retardar os pedidos de aposentadoria, e a correção dos benefícios conforme o aumento do salário mínimo. Para entrar em vigor, os dois projetos do senador Paulo Paim (PT) ainda precisam ser aprovados na Câmara e sancionados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Paim conversou ontem com Zero Hora. A seguir, a síntese:
Zero Hora - Especialistas afirmam que a correção das aposentadorias pelo salário mínimo e o fim do fator previdenciário causam um aumento no rombo da Previdência. O senhor não tinha feito esse cálculo?
Paulo Paim - Não cria um rombo. O fator previdenciário foi instituído pelo Fernando Henrique no momento em que caiu a idade mínima. Não há um país que adote o fator previdenciário. Estou construindo o que chamo de previdência universal.
ZH - O que é uma previdência universal?
Paim - Quero que seja igual para trabalhadores das áreas pública e privada. Depois de um período de transição - para quem está no sistema - , a idade mínima para aposentadoria será de 55 anos para mulher e 60 anos para homem, tanto para o regime geral quanto para o servidor público. Estou construindo o que era o sonho de Lula. Ele diz até hoje: "vocês têm que trabalhar para que não haja privilégio". Por que a alguém que ganha R$ 25 mil por mês - o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) - não se aplica o fator e sim a idade mínima?
ZH - Há condições de aprovação na Câmara?
Paim - Se eu fosse governo, deixava uma coisa muito clara: aprovava na Câmara, mas tem de aprovar a PEC da idade mínima.
ZH - Quem paga o rombo nas contas da Previdência?
Paim - Não tem rombo nenhum. Faço a compensação de uma coisa pela outra.
ZH - Se existe uma compensação, qual é a vantagem para o trabalhador?
Paim - Ele vai ter certeza de que vai se aposentar com salário decente, embora trabalhe um pouco mais.
ZH - Outra mudança é o reajuste da aposentadoria pelo mínimo. Qual é a importância da medida?
Paim - Se seguir a política adotada nos últimos 10 anos, o prejuízo do trabalhador aposentado é de até 70%.
ZH - A Previdência tem fonte de pagamento para isso?
Paim - A seguridade social teve um superávit de R$ 62,7 bilhões em 2007. É dinheiro que vai para o superávit primário. Só aí já teria fonte.
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