terça-feira, 22 de abril de 2008

Marisa Serrano diz que oposição deve fazer relatório paralelo




CPI faz blitz nos gastos da Presidência

BRASÍLIA - A 45 dias do fim da CPI Mista dos Cartões Corporativos, os deputados de oposição começarão a vasculhar a partir de hoje documentos sigilosos que estão no Tribunal de Contas da União (TCU) com gastos da Presidência da República. A expectativa dos oposicionistas é detectar desvio no uso dos cartões de crédito e de recursos das contas tipo B (o servidor recebe dinheiro em espécie e presta contas com notas fiscais) usados pelos ecônomos do Palácio do Planalto e, dessa forma, ter munição para apresentar relatório alternativo ao do governo.

Na semana passada, o relator da CPI, deputado Luiz Sérgio (PT-TJ), anunciou que vai acabar seu relatório até o dia 27 de maio, dez dias antes do fim dos trabalhos da comissão de inquérito. "A oposição vai fazer provavelmente um relatório paralelo", afirmou a senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), presidente da CPI Mista. "É inevitável a apresentação de um voto em separado", disse o líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN).

O acesso ao conteúdo dos documentos em poder do TCU será feito por uma comissão integrada por oito parlamentares - quatro de oposição e quatro governistas. Os oposicionistas indicaram na sexta-feira os deputados Índio da Costa (DEM-RJ), Vic Pires Franco (DEM-PA), Carlos Sampaio (PSDB-SP) e Augusto Carvalho (PPS-DF).

A base aliada ainda não havia designado até ontem seus representantes na comissão. Os parlamentares com acesso ao TCU não poderão fotografar nem tirar fotocópias da papelada. Preocupados com o vazamento do conteúdo, os parlamentares da base aliada se preparavam para entrar em guerra contra Marisa Serrano. Os governistas querem reduzir o prazo para acessar os documentos em poder do TCU.

A senadora tucana acertou com o presidente do Tribunal, Walton Alencar Rodrigues, que os integrantes da CPI poderão consultar a papelada até o dia 22 de maio. "Queremos reduzir para um período mais curto o acesso aos documentos", disse o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), articulador do governo na CPI Mista.

Outro motivo de desentendimento entre governo e oposição são as quatro sub-relatorias criadas na semana passada. O relator Luiz Sérgio chegou a indicar o senador Gim Argello (PTB-DF) como sub-relator de Sistematização e o deputado Maurício Quintella (PR-AL) para Fiscalização de Gastos. "Achei muita falta de cortesia dele (Luiz Sérgio) mandar um ofício, sem falar comigo, com os nomes dos parlamentares e que sub-relatorias eles ocupariam", reclamou a presidente da CPI.

À revelia do relator, a senadora tucana decidiu nomear Índio da Costa para Fiscalização de Gastos e Carlos Sampaio para Sistematização. "Era uma farsa, uma palhaçada imaginar que o governo ficaria com a sub-relatoria de fiscalização", argumentou Índio. Gim Argello foi designado para a sub-relatoria de controle de mecanismos de auditoria e Maurício Quintella para aperfeiçoamento legislativo. "Não foi esse o entendimento. Estão querendo esvaziar o papel do relator", disse Paulo Teixeira.

Com maioria folgada na CPI Mista, os governistas ameaçam reverter a decisão de Marisa Serrano no voto. "Vamos pôr em votação em qual sub-relatoria ficará cada parlamentar", afirmou o petista.

Alencar volta a atacar juros altos

Tribuna da Imprensa

Nenhum comentário: