GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília
No primeiro discurso após ser eleito o novo presidente do Senado, o senador Garibaldi Alves (PMDB-RN) disse nesta quarta-feira que assume o cargo com a missão de reerguer a imagem da Casa após a crise política que a atingiu neste ano. O peemedebista disse que vai tirar do episódio que "aproximou o Senado de limites que jamais poderiam ser ultrapassados" lições que serão aplicadas no comando da Casa --mesmo admitindo que assume o cargo em um momento "traumático" para o Senado.
"Convoco a todos os senadores a partilhar comigo a agoniação de devolver ao Senado perante o país toda a credibilidade que conquistou em sua quase bicentenária trajetória histórica", afirmou. No final do discurso, disse que o Senado "vai escrever uma nova página na história brasileira".
Garibaldi garantiu aos líderes partidários que, no comando da Casa, vai respeitar as legendas governistas e de oposição com o cumprimento restrito da Constituição Federal e do regimento interno do Senado.
"Eu quero assegurar as bancadas do governo e da oposição a minha lealdade ao regimento. A presidência não será partícipe da disputa partidária, mas ferramenta para que das discussões surjam idéias e caminhos para levar o Senado sempre atuante. O instante é de arrostar desafios, enfrentar sem dúvida com árdua luta esse momento de trauma, mas também de renovação de fé na força democrática de nossa instituição."
Garibaldi fez um agradecimento ao senador José Sarney (PMDB-AP) por ter desistido de concorrer à presidência pelo PMDB --uma vez que seria eleito pela maioria da bancada como o candidato do partido. O senador também se dirigiu a Pedro Simon (PMDB-RS), que disputou com ele o comando do Senado dentro do PMDB.
"O senador Simon vai me perdoar por ter sido seu competidor, enquanto eu agradeço a Deus ter tido um competidor como Vossa Excelência, um homem tão respeitado por todos nós", disse.
Renan
Sentado entre as primeiras filas do plenário, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) acompanhou a posse do seu sucessor. Garibaldi se dirigiu ao colega peemedebista para prestar solidariedade --mesmo tendo votado em favor da cassação de Renan no primeiro processo contra o peemedebista.
"Está diante de mim o senador Valdir Raupp, a quem tive de contrariar porque à Vossa Excelência foi repassada a missão de conter o processo sucessório enquanto o senador Renan Calheiros tomava a sua decisão. Ele que nunca deixou de mostrar na nossa convivência. Faço questão de declarar a solidariedade e compreensão que encarou atitude tomada por mim nesse processo."
Garibaldi ainda se comprometeu com o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), em cumprir as condições impostas pelo partido para o apoio ao seu nome. "Eu quero dizer a ele [Virgílio] que esses compromissos eu não tive, e não tenho, nenhum momento de vacilação de assinar todos eles. Eles são compromissos para elevar o nome do Poder Legislativo numa hora como essa."
O peemedebista pediu o apoio dos colegas para sua gestão na presidência do Senado, assim como se comprometeu em trabalhar para viabilizar a votação das reformas tributária e política no plenário da Casa --mesmo reconhecendo que assume o cargo em um momento "traumático" para o Senado.
Eleição
Garibaldi foi eleito nesta quarta-feira como o novo presidente do Senado com o apoio de 68 senadores. Apenas oito parlamentares votaram contra a sua escolha e outros dois senadores se abstiveram. Como a votação é secreta, os votos contrários à escolha de Garibaldi serão mantidos em sigilo.
No total, 78 senadores registraram presença nas eleições de Garibaldi --um quórum considerado elevado para a Casa Legislativa. Somente três senadores se ausentaram da votação: Romero Jucá (PMDB-RR), Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) e João Vicente Claudino (PTB-PI).
Fonte: Folha Online
http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u354202.shtml
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