GABRIELA GUERREIRO
RENATA GIRALDI
da Folha Online, em Brasília
O PMDB escolhe na terça-feira um nome único que será indicado para a presidência do Senado. Oficialmente, cinco senadores disputam o cargo: Garibaldi Alves (RN), Valter Pereira (MS) e Neuto de Conto (SC), Leomar Quintanilha (TO) e Pedro Simon (RS). Apesar das negativas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, integrantes do PMDB dizem que o Planalto estaria articulando uma sexta candidatura: a do ex-presidente José Sarney (AP)
A Folha Online acompanhou os candidatos e verificou diferenças de estilo na campanha pela presidência do Senado. Enquanto Garibaldi Alves (RN), Valter Pereira (MS) e Neuto de Conto (SC) partiram para o corpo-a-corpo com os parlamentares no plenário e no cafezinho do Senado, Leomar Quintanilha (TO) preferiu a discrição.
Desde que lançou seu nome na disputa, nesta quarta-feira, Quintanilha evitou circular nos corredores do Senado. O peemedebista optou por fazer uma campanha silenciosa, com reuniões discretas com os colegas e conversas telefônicas. O senador manteve a viagem marcada para o Pará, nesta sexta-feira
.
Por meio de assessores, Quintanilha negou que estivesse evitando a imprensa. O senador argumenta que está sobrecarregado com a campanha e com a tarefa de relatar a área de infra-estrutura do Orçamento Geral da União para 2008, além de lidar com a presidência do Conselho de Ética do Senado.
Otimismo
No sentido oposto de Quintanilha, Garibaldi incorporou a postura de candidato. Otimista com a vitória, o peemedebista disse estar convencido que será o escolhido pelo partido --já que lançou seu nome na disputa há mais de um mês. Garibaldi providenciou cinco ternos novos para melhorar o guarda-roupa, além de novas gravatas. Também submeteu-se a um tratamento de clareamento dentário.
O senador desistiu de retornar ao Estado neste final de semana e ganhou o apoio da família na campanha: sua mulher e filho estarão em Brasília para ajudá-lo na corrida pelos votos.
"Essa é uma campanha diferente daquelas que os políticos fazem. Não adianta andar muito, ela é circunscrita ao plenário e ao cafezinho. Eu já dei várias voltas nesse mundo aqui. Estou confiante que venceremos", afirmou à Folha Online.
Discrição
Com postura similar --mas num estilo mais discreto--, Pereira e Conto também deram início ao corpo-a-corpo com os colegas. Os dois se tornaram presença freqüente no cafezinho do Senado, situado ao lado do plenário, onde aproveitam para conversar em particular com os colegas.
Conto admitiu que a conquista de votos até terça-feira --quando o PMDB indicará o candidato do partido-- vai ser uma tarefa difícil. "Acho que temos, na verdade, 20 líderes dentro do PMDB. Temos ex-presidentes, ex-governadores. Não é fácil você conseguir votos de tantos líderes", afirmou à Folha Online.
O peemedebista disse que não definiu uma estratégia de campanha, apenas vem mantendo conversas para buscar apoios ao seu nome. "É lógico que estou conversando com todos. Me apoio em duas coisas muito fortes: a representação do partido e da Casa Legislativa, junto com a sua independência e transparência", afirmou.
Pereira, por sua vez, também cancelou seu retorno ao Estado para intensificar a campanha nos próximos dias. O senador disse à Folha Online estar disposto a estender sua carga horária de trabalho para conversar com os colegas. "Eu cancelei a minha ida a Campo Grande porque isso [a campanha] acontece nas noites, madrugadas e no final de semana. Esse tipo de eleição é complexa porque o eleitorado é altamente qualificado", afirmou.
O senador disse que, apesar do corpo-a-corpo, deve manter a cautela ao pedir o apoio dos colegas --já que todos pertencem ao mesmo partido. "O eleitorado chega a ser manhoso. São todos amigos. Há o cuidado de não gerar melindres. O otimismo pode gerar a frustração e, em razão disso, a única coisa que resta ao candidato é conversar sem preguiça."
Pessoal
Um dos parlamentares mais experientes do Senado, Pedro Simon (PMDB-RS) confirmou sua disposição de concorrer na disputa pela sucessão apenas ontem à tarde. Mandou o recado pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP) e evitou conversar sobre a candidatura com a mídia.
A campanha de Simon é comandada por três senadores: Suplicy, Cristovam Buarque (PDT-DF) e José Nery (PSOL-PA). Os três já conseguiram o apoio de 28 parlamentares --grande parte da oposição-- à candidatura de Simon. A intenção deles é pedir votos para o gaúcho por meio de conversas informais e em reuniões sem alarde. A estratégia, segundo eles, já começa a indicar resultados positivos.
O ex-presidente José Sarney (PMDB-AP), por sua vez, também é apontado como candidato com o apoio do Palácio do Planalto. O peemedebista nega a candidatura enfaticamente, mas estaria sendo pressionado a aceitar a missão para evitar um racha dentro do PMDB.
O governo teme que a eleição para o comando da Casa, marcada para a próxima quarta-feira, possa prejudicar a votação da proposta que prorroga a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) --marcada para um dia depois da escolha do novo presidente do Senado.
Fonte: Folha Uol
http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u352664.shtml
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