BRASÍLIA - A eleição do senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) para a presidência da Comissão de Infraestrutura separou ainda mais o PSDB do DEM no Senado e, nos bastidores, os tucanos avaliam que a parceria nunca mais será a mesma. A aliança do DEM com o PMDB do senador Renan Calheiros (AL) e o PTB de Collor expôs divergências de prática política, levando parte do PSDB a fechar politicamente com o PT, PDT e PSB.
Em um cenário eleitoral para 2010, essa aliança é impossível, mas o líder do PT, senador Aloizio Mercadante (SP), acredita que, mesmo assim, é possível construir pontes para o futuro a partir do momento em que se estabelece afinidades no plano político.
"O PSDB não vai dar a governabilidade ao PT como também não demos para eles no governo, mas podemos estar juntos tentando melhorar a imagem do Senado", afirmou o líder. "Temos um papel importante na preservação da alternância do poder. Nós temos dificuldades no governo, que os tucanos também tiveram no passado e todos nós sabemos que essas dificuldades sempre vão existir. Somos prisioneiros do mesmo limite", disse o petista, numa referência direta ao fato de o governo Lula ser refém de sua base, comandada pelo PMDB, para garantir a governabilidade.
"Há, sim, espaço para uma interlocução com o PSDB no Congresso", prosseguiu Mercadante que, juntamente com o senador Tião Viana (PT-AC), tem conversado direto com senadores do PSDB, como o presidente do partido, Sergio Guerra (PE) e Tasso Jereissati (CE). "Estamos incomodados com as práticas políticas que só estão destruindo a imagem do Senado", disse Tasso, acrescentando, porém, que a aproximação do PSDB com PT não deve refletir nas votações, já que são adversários.
Enquanto PT e PMDB se relacionam de forma mais tranquila na Câmara, no Senado estão em conflito cerrado, pelo menos por enquanto. Além do PT, o PSDB também vive uma situação de "afastamento progressivo com o PMDB", como definiu um dirigente tucano. Na tentativa de convencer os líderes do PSDB de que estão na estratégia certa ao apoiar o PMDB de Renan, parlamentares do DEM argumentam que a aliança pode ajudar o PSDB nas eleições de 2010. Os tucanos, no entanto, discordam e rebatem que um acordo com o PMDB que está no poder no Senado e que apoia Collor só afasta o partido da opinião pública.
"Não podíamos ficar com o PT", observou o presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), que se reuniu ontem com o presidente do PSDB, senador Sergio Guerra (PE) para discutir os rumos da aliança no Congresso. O próximo embate entre os dois partidos é a indicação dos líderes da minoria na Câmara, Senado e Congresso. O candidato do DEM para o cargo no Congresso é o senador Efraim Morais (DEM-PB), que não tem o apoio do PSDB.
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