Nos últimos tempos, a política brasileira tem sido sustentada no clientelismo e no fisiologismo. Cada vez que um partido é agregado à base do governo, a primeira discussão é sobre os cargos que estarão disponíveis no serviço público. Esta é a cultura que norteia a política no Executivo e não poderia ser diferente no Legislativo, onde os parlamentares têm o poder da caneta.
Foi precisamente esta cultura da nomeação de afilhados políticos, a busca de uma “colocação” para um apaniguado, que levou o Senado à situação em que chegou: ter 181 diretorias. (Agora, a direção diz que são “apenas” 38, mas a informação que chegou a 181 era oficial- embora vergonhosa).
A dificuldade que tem hoje a primeira-secretaria, responsável neste momento pela readequação da estrutura administrativa da Casa, é justamente cortar os diretores que têm padrinhos políticos. A primeira lista (de 50 demissões e que não foram efetivadas) continha muito mais concursados e não afilhados políticos. Ainda assim, as demissões não foram efetivadas por conta da pressão - pressão até legítima, quando uns estão ali a defender a tarefa que cumprem diariamente.
Existem dezenas, centenas, alguns dizem que pode chegar ao milhar, de funcionários que “têm as costas quentes”, um padrinho forte que não permitirá sua exoneração. Sempre foi assim. Mas, agora, as coisas devem mudar. Ou precisam mudar.
Está claro que vai ser difícil mudar o Senado. Primeiro, por conta da cultura do empreguismo, depois porque os senadores todos se unem quando o assunto é acabar com a verba indenizatória - a permissão de gastos de asté R$ 15 mil por mês com apresentação de nota de despesas para ressarcimento. Contra o fim da verba indenizatória se unem todos - dos partidos mais à esquerda aos mais à direita.
E, assim, se a temperatura baixar, tudo fica como está. Vai ser feito aquele tipo de movimento de mudar para deixar tudo igual.
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