sábado, 6 de dezembro de 2008

Indefinição do PMDB leva PSDB a negociar com Tião (Do Blog do Josias)


José Cruz/ABr

À espera de uma definição do cacique José Sarney (AP) e dos índios do PMDB, o tucanato abriu negociações com o candidato do PT à presidência do Senado, Tião Viana.

Nos subterrâneos, a cúpula do PSDB discute com Tião a divisão dos cargos na mesa diretora e nas comissões do Senado.

Eis o mapa do rateio:

1. Vice-presidência: o tucanato reivindica o segundo posto no comando do Senado, hoje ocupado pelo próprio Tião Viana. Pode não levar, contudo.

Tião negocia essa cadeira com o PMDB. O posto iria para o atual líder peemedebista, Valdir Raupp (RO).

Algo que abriria caminho para atender a um anseio de Renan Calheiros (AL): o retorno à liderança do PMDB.

2. Primeira-secretaria: Faltando-lhe a vice, o tucanato ficaria com o terceiro posto mais importante da mesa.

Dependendo do ponto de vista, pode ser considerada a cadeira mais relevante. É na primeira-secretaria que são ordenadas as despesas do Senado.

O órgão controla um orçamento anual de notáveis R$ 2,7 bilhões. O candidato do PSDB a gestor dessas arcas, hoje geridas pelo 'demo' Efraim Moraes (PB), é o senador Marconi Perillo (GO).

3. Comissão de Assuntos Econômicos: É uma das comissões mais cobiçadas do Senado. O PSDB deseja vê-la sob o comando de Tasso Jereissati (CE), na foto lá do alto ao lado de Tião.

O atual presidente é o senador petista Aloizio Mercadante (SP). Mas ele avisou que deseja retornar à liderança do PT em 2009. O que facilita a vida de Tião.

4. Comissão de Relações Exteriores: Para a presidência dessa comissão, o tucanato indicou o nome de Eduardo Azeredo. Hoje, quem comanda é o 'demo' Heráclito Fortes (PI).

Como de hábito, o tucanato observa a brigalhada do Senado a partir de seu ninho predileto: o muro.

Um pedaço do partido, Tasso Jereissati à frente, quer descer do lado da parede em que se encontra Tião Viana.

Outro grupo, que tem como expoente o líder Arthur Virgílio (AM), prefere uma composição com o PMDB.

O problema é que, desse lado do muro, não há um candidato fixo. O PMDB tornou-se uma usina de balões de ensaio.

Ao abrir conversações com Tião Viana, o PSDB diferencia-se do DEM, seu parceiro de oposição.

Mais do que isso: os tucanos negociam postos hoje submetidos ao comando de sendores 'demos'.

Entre quatro paredes, José Agripino Maia (RN), líder do DEM, dá de ombros para a movimentação de Tião.

Agripino diz que o candidato petista negocia uma mercadoria que não lhe pertence.

Lembra que a divisão da mesa e das comissões segue o critério da proporcionalidade. E seu partido é dono da segunda maior bancada da Casa.

Seja como for, enquanto o PMDB não surge com um "nomão", o PSDB sinaliza que não é avesso a uma composição com Tião Viana, o predileto de Lula.

Escrito por Josias de Souza às 04h05

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