quinta-feira, 9 de julho de 2009

Sarney se mexe e governistas decidem instalar a CPI

Vestido de sua nudez, José Sarney agiu para pôr de pé a CPI da Petrobras.



Conversa daqui, articula dali marcou-se uma data. Romero Jucá (PMDB-RR), líder de Lula, veio à boca do palco para informar:



"Atendemos um pedido do presidente Sarney. A CPI vai ser instalada na terça-feira". Segundo Sarney, a comissão começa de qualquer jeito, seja qual for o quorum.



Afora o interesse jornalítico, a iniciativa, por irônica, tem valor literário. Nascida por iniciativa do PSDB, a CPI é agora retirada da UTI pelo PMDB de Sarney.



Até a noite passada, a Petrobras retornava à cena para oferecer ao próprio Sarney a oportunidade de brincar de esconde-esconde.



Nesta quinta (9), a comissão já tinha a aparência de fogueira nova também para Sarney, cuja fundação recebeu verbas da Petrobras.



Da tribuna, o tucano Álvaro Dias, autor do pedido de CPI, festejou o renascimento de seu rebento. Dirigindo-se a Sarney, que presidia a sessão, ele disse:



“Há o repasse de recursos da Petrobras para fundação que tem vossa excelência como presidente honra. É possível que o tema chegue à CPI.



Trata-se agora de saber até que ponto a reputação do pseudopresidente do Senado pode resistir a repetidas bobagens de sobrinhos, netos e amigos desajeitados.



Para Lula e para mais da metade do Senado, Sarney é um personagem cujo passado não autoriza ninguém a tratá-lo como “uma pessoa comum”.



Para a imprensa e para as ruas, Sarney ganha gradativamente o semblante de um político comum. Aos pouquinhos, Sarney vira Sarney.



Longe de ser uma reputação merecedora de proteção, é uma mácula digna de investigação.



Em cinco meses de presidência, Sarney produziu sua própria ruína. Fez isso com extraordinário desembaraço. Parece viver noutro mundo.



Há duas semanas, Sarney informava o seguinte: "A crise não é minha. A crise é do Senado”.



Um dia após o outro, descobre-se que Sarney tem mais culpa na crise do que apenas “não saber” o que se passa à sua volta.



Em resposta a Alvaro Dias, Sarney se manteve no mundo da Lua: “Não tenho nenhuma responsabilidade administrativa na fundação...”



“...Ela teve um projeto [de patrocínio] aprovado pela Lei Rouanet, como muitos memoriais de presidentes receberam...”



“...A prestação de contas foi encaminhada ao Ministério da Cultura. Compete ao TCU, em qualquer irregularidade, a atribuição de julgar”.



O senador imagina não ter nada a ver com uma fundação que traz na logomarca o dístico “José Sarney”. Então, tá! Ficamos combinados assim.

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