segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Para pressionar Arruda a renunciar, deputados votarão pedidos de impeachment nesta quinta

MÁRCIO FALCÃO
da Folha Online, em Brasília

Após 80 dias das denúncias do esquema de corrupção no GDF (Governo do Distrito Federal), a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara Legislativa vai colocar em votação na quinta-feira os três pedidos de impeachment do governador afastado José Roberto Arruda (sem partido). Nos bastidores, deputados distritais governistas e oposicionistas, reconhecem que a votação dos pedidos de afastamento é uma forma de pressionar Arruda a renunciar ao cargo.

A mudança de postura dos aliados, que se esforçavam para blindar Arruda até a semana passada quando ele foi preso por decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça), é motivada pelo risco do Distrito Federal sofrer intervenção federal. Relator dos pedidos de impeachment na CCJ, primeira instância a analisar os processos, o deputado Batista das Cooperativas (PRP) anunciou que pretende votar a favor do afastamento.

O parecer precisa ser aprovado pela CCJ, que é composta por mais três governistas e um oposicionista. Arruda foi avisado na sexta-feira da debandada dos aliados na Câmara local. O recado foi trazido pelo secretário Alberto Fraga (Transportes), que esteve reunido com parlamentares. Fraga não quis comentar a reação do governador. "Os deputados disseram que precisam dar uma resposta à sociedade", afirmou.

Arruda já teria mandado recado aos parlamentares dizendo que não pretende renunciar ao cargo.

O advogado de Arruda, Nélio Machado, negou que ele pense em renunciar ao cargo, mas garantiu que ele vai permanecer afastado do governo se retomar a liberdade. No mesmo dia em que foi preso, Arruda encaminhou uma carta à Câmara Legislativa, se licenciando do cargo.

"Jamais ouvi a palavra renúncia do governador. [...] A preocupação agora não é com o governo. O vice-governador é qualificado e a nossa preocupação e de devolver a liberdade imediata do governador. A minha recomendação como advogado é que ele mantenha um distanciamento do cargo para se defender", disse Nélio na ocasião.

Se um dos três processos de impeachment for aprovado na CCJ, será avaliado ainda por uma Comissão Especial que vai ser criada.

Essa Comissão Especial terá o prazo de 10 dias para decidir se as denúncias devem ser aceitas e votadas em plenário. Se for aprovado, abre-se um prazo de 20 dias para o governador apresentar a defesa e um novo parecer precisa ser elaborado e votado em plenário.

Em caso de aprovação, o governador é afastado por 120 dias e com isso começa o processo de cassação, que será analisado por um tribunal composto por cinco desembargadores do TJ-DF (Tribunal de Justiça do Distrito Federal) e cinco deputados distritais.

Os três pedidos de impeachment contra Arruda que tramitam na Câmara Legislativa já receberam pareceres favoráveis da Procuradoria da Casa. Um dos pedidos foi protocolado pela advogada Estefânia Viveiros, ex-presidente da OAB-DF (Ordem dos Advogados do Brasil), e outros dois por dois advogados.

Ao todo, Arruda foi alvo de 15 pedidos de impeachment, sendo que 12 foram rejeitados pela Procuradoria, argumentando que não respeitavam a lei que estabelece o rito de tramitação de processos por crime de responsabilidade.

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