terça-feira, 11 de novembro de 2014

CPMI da Petrobras reestreia sem saber se convoca diretor da estatal

10/11/2014 15:14
Por Redação - de Brasília

Cassação
O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) assinou o ‘acordão’

Os senadores da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Petrobras ainda não sabem se vão convocar o presidente licenciado da Transpetro, Sérgio Machado, e o ex-diretor de Serviços da Petrobras Sérgio Duque. A decisão será tomada na primeira parte da reunião desta terça-feira, na reestreia da comissão com novo prazo para seguir na investigação das denúncias de Paulo Roberto Costa, o ex-diretor da Petrobras que teriam participado do esquema de corrupção na estatal.
A comissão deveria ter seu relatório final votado no fim deste mês, mas isso somente deverá ocorrer no dia 22 de dezembro. Os integrantes da CPI alcançaram na sexta-feira, último dia do prazo regimental, o número de assinaturas necessárias para conseguir a prorrogação dos trabalhos. Era preciso que 27 senadores apoiassem a prorrogação, mas, no momento do protocolo, 31 assinaram.
A CPI da Petrobras do Senado é realizada paralelamente à Comissão Parlamentar Mista da Petrobras, que investiga as mesmas denúncias, mas é composta por deputados e senadores conjuntamente. No entanto, enquanto os membros da comissão mista se reuniram ao longo de todo o recesso branco para ouvir depoentes e votar requerimentos, a CPI do Senado ficou parada desde julho e ainda não retomou os trabalhos após as eleições.
Ambas as comissões investigam denúncias de que empreiteiras que têm contratos com a estatal pagavam propina a diretores da empresa e a partidos políticos. Os desvios foram relatados pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e pelo doleiro Alberto Youssef, apontado como operador do esquema de lavagem do dinheiro proveniente da corrupção na estatal. Os dois fizeram acordo de delação premiada com a Justiça e alguns depoimentos vazaram para a imprensa.
Acordo criticado
A comissão que investiga o assunto tem sido bombardeada nos últimos dias por fechar um acordo, entre todos os partidos que a integram, para blindar os políticos suspeitos de envolvimento no esquema de corrupção. A participação dos tucanos, que têm seus principais líderes entre suspeitos de integrar a roubalheira, abriu uma crise no PSDB. O senador Aécio Neves (PSDB-MG), presidente do partido e candidato derrotado nas últimas eleições, ficou irritado com o apoio de integrantes da legenda, especialmente, porque o acordo foi fechado no dia de seu retorno ao Senado, em que discursou defendendo investigação sobre o esquema.
Na sexta-feira, Aécio enviou nota à imprensa para negar que o partido tenha pactuado com “qualquer tipo de acordo que impeça o avanço das investigações na CPI”. “Temos de ir a fundo na apuração do chamado ‘petrolão’ e na responsabilização de todos que cometeram eventuais crimes, independentemente da filiação partidária. Essa é a posição inarredável do PSDB”, diz a nota.
No acordo, o PT conseguiu barrar convocações consideradas incômodas, como a da senadora paranaense Gleisi Hoffmann, a do ministro, Paulo Bernardo (Comunicações), e a do tesoureiro da sigla, João Vaccari Neto, citados na delação da Operação Lava Jato. Já o PSDB agiu para evitar a ida à CPI do empresário Leonardo Meirelles, apontado como laranja do doleiro Alberto Youssef. Meirelles disse à Justiça que tucanos também receberam propina.
O deputado Carlos Sampaio (SP) representou o PSDB na reunião da CPI, mas negou que a reunião tenha provocado mal-estar no PSDB e disse que não houve acordo para poupar políticos. O que houve, desconversou o tucano, foi a construção de um “roteiro de procedimentos” diante do curto prazo para o fim das investigações. Segundo Sampaio, o roteiro prioriza as apurações relacionadas às empreiteiras e aos diretores da Petrobras suspeitos de envolvimento no esquema de corrupção.
Entendimento
Alheio à saraivada de críticas ao Parlamento, o presidente da CPMI, senador Vital do Rego (PMDB-PB), agradeceu o empenho dos líderes em fechar o acordo e avaliou que os requerimentos escolhidos e aprovados são essenciais para a investigação.
– Desde a semana passada tentamos alinhavar um entendimento entre os líderes partidários, reconhecendo o volume e a importância dos quase 500 requerimentos a serem deliberados. Ao longo desta semana, iniciamos a produção de um entendimento, que consumamos agora nesta reunião. Quero parabenizar os líderes porque conseguiram, com eficiência, lucidez, serenidade, objetividade, trabalhar um bloco de requerimentos com pedidos de informação e convites e convocações, que são fundamentais – afirmou.
Entre os convocados, estão os sócios das empresas que seriam utilizadas pelo doleiro Alberto Youssef para lavagem de dinheiro desviado da Petrobras. Para as próximas semanas, estão confirmados os depoimentos da diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Magda Chambriard, e do gerente de contratos da Petrobras , Edmar Diniz de Figueiredo.

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