segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Oposição racha sobre início da investigação da CPI dos Cartões

11/02/2008 - 16h01

ABRIELA GUERREIRO
RENATA GIRALDI
da Folha Online, em Brasília

Insatisfeita com o teor do acordo fechado com a base aliada do governo para a instalação da CPI Mista dos Cartões Corporativos, parte da oposição quer modificar o requerimento de criação da comissão, redigido pelo deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP). Senadores do DEM e PSDB não concordam com a mudança no período das investigações --que vão começar a partir de 1998, durante gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Senadores oposicionistas insistem que a CPI deve investigar irregularidades no uso dos cartões corporativos a partir de 2001 --quando o mecanismo efetivamente entrou em vigor no governo FHC, apesar de ter sido criado em 1998. Parte da oposição acusa Sampaio de ter fechado o acordo com o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), sem o aval de todos os partidos oposicionistas.

"O deputado Carlos Sampaio agiu de vontade própria e procurou o senador Jucá. Estou esperando o líder do PSDB [senador Arthur Virgílio] para definirmos uma posição", disse o líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN).

Na opinião do líder, a CPI deve investigar irregularidades no uso dos cartões a partir de 2001. "A CPI Mista é conveniente e a investigação deve ser em cima dos cartões corporativos, ou seja, a partir de 2001. Houve um avanço, mas é preciso discutir a redação do requerimento", afirmou Agripino.

O vice-líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), não escondeu a irritação com o acordo fechado entre Sampaio e Jucá. "Qual é o fato determinado que se aponta no requerimento para se investigar desde 1998? Se o partido fez um acordo, eu assino embaixo. Mas a CPI será mal conduzida nesses termos", defendeu o tucano.

Dias disse que o acordo fechado com os governistas "passa a idéia de um entendimento estranho". Assim como o tucano, o senador Heráclito Fortes (DEM-PI) disse que foi pego de surpresa com o acordo firmado com o governo.

"Eu quero que se apure os fatos. Mas deve se apurar a partir de um fato determinado. Qual o fato determinado antes de 2001, quando não tinha cartão corporativo?", questionou Heráclito.

Investigações

Ao contrário de senadores da oposição, na Câmara os deputados do DEM e PSDB elogiaram o acordo para a instalação da CPI Mista. Mas defendem que a comissão tenha autonomia para investigar os gastos do governo, sem restrições a informações sigilosas. "Os governistas podem manobrar o quanto quiserem, mas não vão impedir as investigações", disse o líder do PSDB na Câmara, Antonio Carlos Pannunzio (SP).

Para o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), o governo não deverá impor limites às investigações da CPI. "A regra é abrir tudo. A exceção é algum item muito preciso. O acordo é de procedimentos, não de ações."

O líderes do DEM, PSDB e PPS se reuniram em um almoço nesta segunda-feira em uma churrascaria de Brasília para discutir estratégias de atuação na CPI Mista. A ordem, na oposição, é forçar o governo a revelar gastos sigilosos --especialmente da presidência da República. "Uma CPI, a gente sabe como começa, mas nunca sabe como termina", resumiu o líder do PPS na Câmara, deputado Fernando Coruja (SC).

Defensor do governo, o líder do PR na Câmara, deputado Luciano Castro (RR) criticou a instalação da CPI. "A CPI não leva a nada. O governo tem instrumentos para investigar e deve punir os responsáveis."

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