quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Temer quer se distanciar da briga pelo comando do Senado (Tribuna da Imprensa)

BRASÍLIA - O presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer (SP), comunicou ontem ao Palácio do Planalto que não participará do jantar que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer oferecer à cúpula do partido no início da semana que vem, para tratar da sucessão no Senado. Sua ausência tem objetivo duplo. De um lado, Temer tenta descolar sua candidatura à presidência da Câmara, com apoio dos petistas, da briga entre o PMDB e o PT do senador Tião Viana (AC), pelo comando do Senado De outro, procura mostrar ao Planalto que a sucessão na Câmara é uma questão do partido e, no Senado, um problema do governo.

Antes de viajar de férias com dona Maria Letícia na virada de 2009, o presidente Lula avisou ao líder do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), que chamaria o partido para esclarecer de vez o quadro no Senado e obter uma palavra definitiva do senador José Sarney (PMDB-AP) sobre seu eventual retorno ao comando do Congresso. Temer decidiu se antecipar ao convite oficial, para não melindrar o presidente. Em vez de recusar o chamado de Lula, preferiu agir preventivamente, procurando o ministro de Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, para evitar que seu nome entre na lista de convidados.

Na conversa com o ministro, o presidente do PMDB ponderou da inconveniência de "misturar" a briga dos senadores com a sucessão "pacífica" da Câmara, onde PMDB e PT estão unidos e sua candidatura conta com o apoio de outros dez partidos da base aliada e da oposição. Lembrou, mais uma vez, que a cadeira de presidente do Senado não fez parte do acordo entre deputados petistas e peemedebistas, no qual Temer foi escolhido para suceder o atual presidente Arlindo Chinaglia (SP).

Temer não está disposto a se sentar à mesa de negociação com o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), que não só trabalha abertamente para que o PMDB continue na presidência do Senado, como não esconde de ninguém que Tião Viana jamais terá seu voto. Mais do que julgar sua presença inconveniente, do ponto de vista político, ele ponderou que seria um desgaste inútil, uma vez que o PMDB da Câmara não tem interesse nem força política suficiente para interferir nos assuntos do Senado.

Também não convém ao líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), participar da conversa. É que o deputado é primo e correligionário do atual presidente do Senado, Garibaldi Alves (RN), que insiste em manter sua candidatura contra o PT, apesar das dúvidas jurídicas quanto à legalidade desta iniciativa, uma vez que o texto constitucional proíbe a reeleição.

Como o PT e o Planalto não acreditam que Garibaldi consiga levar sua candidatura ao plenário, a cúpula do PMDB na Câmara entende que só a bancada do Senado poderá dar ao presidente Lula as respostas que ele reclama. Um interlocutor do presidente que acompanha a sucessão no Congresso lembra que, na última conversa que teve com Sarney sobre o assunto, o senador garantiu a Lula que não seria candidato em hipótese alguma. A despeito da negativa, porém, os peemedebistas seguem sustentando que ele é "candidatíssimo", o que tem irritado o presidente.

O interlocutor presidencial acredita que Lula cobrará uma definição, com o argumento de que ficará muito tranquilo se Sarney assumir o desejo de presidir o Senado. Caso contrário, insistirá em um entendimento em torno de Tião Viana.

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