quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Senador Paulo Paim: Me sinto em condição de saber administrar ou governar




01 de fevereiro de 2009 - ELEIÇÕES 2010 - Entrevista - Zero Hora

Com discrição, o senador Paulo Paim (PT) liberou entidades de aposentados e negros a iniciar uma cruzada nos Estados e na internet para disseminar a possibilidade de sua candidatura ao Palácio do Planalto em 2010.

– Para mim, é uma alegria. Me vejo em um bom momento da política – afirmou o petista.

Na tarde de sexta-feira, Paim estava em seu gabinete em Brasília. O parlamentar conversou por telefone com Zero Hora por 30 minutos sobre o movimento favorável ao seu nome para a Presidência. A seguir, a síntese da entrevista:

Zero Hora – O senhor quer disputar a vaga de candidato do PT à Presidência?

Paulo Paim – Não é questão de querer ou não. Todo homem público, naturalmente, vê com satisfação o seu nome levantado para candidato ao maior cargo do país. Quem não ficaria feliz com isso? Se dissesse o contrário, estaria mentindo. Nem por isso tenho de sair por aí fazendo campanha.

ZH – Supondo que o seu nome ganhe força nos Estados e na internet, o senhor aceitaria postular a candidatura?

Paim – Eles (movimentos sociais) dizem que farão toda a mobilização e virão me procurar para demonstrar a viabilidade da candidatura. Daí, analisarei o quadro.

ZH – Simpatizantes dizem que o senhor estimulou a campanha.

Paim – A base social não depende da tua vontade. Ela se articula e aponta caminhos com os quais aquele que estiver na frente concorda ou não. O movimento surgiu de lá para cá. Em nenhum momento pensei em ser candidato à Presidência. Preparei a minha reeleição ao Senado. Essa base social mostra que quer me impulsionar para um cargo majoritário. Não vou frustar o direito de eles fazerem esse debate, que pode impulsionar o meu nome ou outros.

ZH – Entidades como a Unegro e o Movimento de Consciência Negra Palmares afirmam que o senhor quer que se faça a campanha. Há até uma comunidade oficial no Orkut chamada Paim presidente.

Paim – Isso é improcedente. No Orkut, há diversas iniciativas de “Paim presidente” pelo meu trabalho na Câmara e no Senado. Tu achas que eu teria capacidade, como um senador sem um centavo, de articular tudo isso de forma gigantesca? Só se fosse mágico e tivesse varinha mágica. Imagina se vou criar comunidade. Ninguém discutiu isso comigo.

ZH – O senhor acredita que é possível ser o primeiro negro presidente do Brasil?

Paim – Acredito que um dia o Brasil poderá ter um presidente negro e uma mulher. Quem acreditava que nos Estados Unidos, onde o preconceito racial é forte, seria eleito um negro com esse charme, força e competência? Se na maior potência do planeta aconteceu, por que não pode ocorrer no Brasil? Mas não sei quem será esse presidente negro.

ZH – Esse presidente negro pode ser o senhor?

Paim – Sou o único senador negro. O pessoal faz alguma vinculação porque Obama era senador e também era ligado aos direitos humanos. O processo de construção vai apontar o caminho. Mas pode ser Paulo, Pedro ou João.

ZH – O senhor se considera o Obama brasileiro, como dizem seus apoiadores?

Paim – Me considero Paulo Renato Paim, gaúcho, nascido em Caxias do Sul. Tenho carinho e respeito por Obama. Mas ninguém deve ou pode querer ser cópia de outro.

ZH – Por que o movimento ocorre sem o conhecimento da cúpula do PT?

Paim– Existe uma indicação do partido, não-oficial ainda, que respeito muito (Dilma Rousseff). Eu mesmo tenho advogado publicamente o nome da Dilma. Os movimentos sociais e outros setores estão preocupados com esse debate. Eles entendem talvez que outros nomes devem ser levantados.

ZH – O senhor pretende conversar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva?

Paim – Esse movimento está tomando mais corpo neste momento. Esperarei para ver até aonde vai. Até março ou abril, haverá um quadro melhor. Se esse movimento tiver força em nível nacional, é natural dialogar com os líderes do PT. Se provocado, tenho obrigação de dialogar com os partidos aliados. Defendo uma política de alianças ampla.

ZH – O senhor conversou com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, provável candidata do PT?

Paim – Não. Todas as vezes que estive no palanque sempre foi elogiando ou defendendo o nome dela.

ZH – Se necessário, o senhor estaria disposto a disputar uma prévia com a ministra?

Paim – Não disputaria prévia. Sou contra prévia. A sociedade organizada por si só deve apontar o caminho de quem deva ser o candidato, fruto da política de aliança do PT.

ZH – O seu objetivo é ganhar visibilidade e se cacifar como candidato ao Palácio Piratini?

Paim – Não trabalho com essa hipótese. Eu preparei com muito carinho a minha reeleição para o Senado.

ZH – O senhor está preparado para governar?

Paim – Depois de tantos anos na vida pública, me sinto em condição de saber administrar ou governar de forma coletiva.

MARCIELE BRUM- marciele.brum@zerohora.com.br

Um comentário:

Senador Paulo Paim PT/RS disse...

Olá meu amigo, como vai? Recebi seu e-mail e fico muito feliz com o apoio e carinho que dedica a mim. Gostei de saber que parte de sua família é de Santa Maria, cidade muito bonita, assim como Bonito (se me permite o trocadilho). Um forte abraço, senador Paulo Paim