segunda-feira, 27 de maio de 2013

Peso na cobrança de tributos no país é tema de debate na Câmara

Deputado Reguffe, autor de um projeto para zerar a carga tributária dos remédios,
Deputado Reguffe, autor de um projeto para zerar a carga tributária dos remédios,
O peso dos tributos no Brasil voltou a ser tema de debate na Câmara Federal. Um dia após o lançamento da campanha "Imposto Justo", pelo Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal, foi a vez de a Comissão de Defesa do Consumidor discutir o impacto dos impostos no preço final dos produtos ao consumidor.
Além da elevada carga tributária, que chega a quase 36% do Produto Interno Bruto, os participantes da audiência pública ressaltaram a injustiça com os mais pobres que, proporcionalmente, pagam mais impostos do que os de maior renda. Isso em parte porque mais da metade dos tributos cobrados no Brasil incide sobre o consumo. O presidente do Sindicato dos Procuradores da Fazenda Nacional, Allan Titonelli, defende a mudança dessa sistemática.
"A OCDE, de uma maneira geral, coloca como uma tributação justa aquela que privilegia em certo aspecto o patrimônio e a renda. Esses sistemas tributários são progressivos, são aqueles em que incidem uma maior tributação sobre quem ganha mais, quer dizer, quem ganha mais deve pagar mais e quem ganha menos deve pagar menos."
Além disso, os convidados e deputados presentes à reunião questionaram supostas distorções quanto à tributação, distorções essas que fazem, por exemplo, com que cerca de 35% do preço de um medicamento de uso humano seja formado de tributos, enquanto que para o medicamento de uso veterinário essa incidência fique em torno de 14%. Aliás, o preço do medicamento acabou virando um símbolo do discurso adotado por boa parte dos participantes da audiência pública, como o deputado Reguffe, do PDT do Distrito Federal, autor de um projeto de lei para zerar a carga tributária dos remédios, a exemplo do que é feito em outros países.
"Eu fiz um requerimento formal de informações ao Ministério da Fazenda, solicitando o impacto financeiro e orçamentário dessa medida. A resposta foi de R$ 3 bilhões por ano. Ora, R$ 3 bi no orçamento da União de 2011, que foi de R$ 2,073 trilhões, é apenas 0,11% desse orçamento. Portanto, um impacto ínfimo no orçamento da União em benefício direto na vida de milhares de famílias deste país."
Para o presidente-executivo do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial, Roberto Abdenur, o governo vem tomando iniciativas importantes, como a desoneração tributária de alguns setores, como o automotivo, o dos eletrodomésticos da linha branca e o dos produtos da cesta básica.
"Eu não acho que haja inversão de valores. Acho apenas ser preciso que esse olhar das autoridades sobre a questão tributária e suas implicações seja estendido, seja ampliado para artigos de primeira necessidade."
Os participantes da audiência pública destacaram a importância da lei que obriga os comerciantes a informar na nota fiscal os tributos embutidos nos preços das mercadorias.
Celso Augusto Rodrigues Soares, representante do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor, do Ministério da Justiça, a lei, que entra em vigor no início de junho, induz o consumidor a tomar consciência do peso dos tributos incidentes sobre os produtos que consome.

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