domingo, 26 de abril de 2009

Ex-Diretor do Senado usou babá como sua ‘laranja’ (do Blog do Josias)



O nome dele é João Carlos Zoghbi.



Respondia pela diretoria de diretor de Recursos Humanos do Senado.



Ocupava a cadeira havia quase uma década.



Perdeu-a no último dia 13 de março.



Descobriu-se que cedera um apartamento funcional ao filho.



Desde o afastamento, Zoghbi tomou chá de sumiço.



Tirou férias. E recolheu-se à mansão que lhe serve de abrigo em Brasília.



Neste final de semana, o ex-diretor volta ao noticiário.



Foi levado às manchetes pelos repórteres Andrei Meireles e Matheus Leitão.



A dupla desencavou malfeitorias de arrepiar o contribuinte.



Levada às páginas de Época, a notícia informa o seguinte:



Zoghbi abriu empresas de fachada, em nome de testas de ferro.



Usava-as para receber quantias milionárias de outras empresas.



Firmas que mantinham negócios com o Senado.



Chama-se Maria Izabel Gomes uma das “laranjas” usadas por Zohbi.



É uma senhora de 83 anos. Mora na mansão dos Zoghbi.



Foi ama de leite e babá do ex-diretor do Senado.



Não tinha renda. Era isenta do pagamento do Imposto de Renda.



Súbito, tornou-se, em 2006, sócia majoritária de três empresas.



No último ano e meio, as firmas da ex-babá faturaram R$ 3 milhões.



O contrato mais vistoso foi fechado pela empresa Contact.



Tornou-se prestadora de serviços do Banco Cruzeiro do Sul.



A casa bancária opera no ramo do crédito consignado.



Encontrou na folha salarial do Senado uma mina de ouro. A folha é grande.



Tem cerca de 10 mil servidores. Coisa de R$ 2,3 bilhões anuais.



Nesse nicho, gerido até março por Zoghbi, os empréstimos consignados somaram R$ 1,2 bilhão em 3 anos.



O Banco Cruzeiro do Sul beliscou R$ 380 milhões.



E repassou R$ 2,3 milhões à Contact, empresa da ex-babá de Zoghbi.



Ouvido, o banco informou: “A Contact é uma correspondente no Senado...”



“...Ao longo de 2007, os contratos intermediados pela Contact somaram R$ 66 milhões, e a empresa fez juz a comissões”.



No papel, a Contact tem três donos: a ex-babá Maria Izabel (61%), Bianka Dias (34%) e Ricardo Nishimura Carneiro (5%).



Procurado, Zoghbi disse que a Contact e outras duas empresas pertencem à família.



“Na realidade, a Contact e as duas DMZ são empresas dos meus filhos...”



“...Como é proibido a servidores públicos ser donos de empresas que negociam com órgãos públicos, eles registraram as empresas em nome da minha mãe preta”.



Os outros sócios são, segundo Zoghbi, amigos dos filhos.



Os filhos de Zoghbi são dentistas. Por que se interessaram por outros ramos?



“Eles também são bons de informática e entendem de administração”, diz Zoghbi.



“Trabalharam duro para ganhar esse dinheiro. Sei que há um conflito de interesse, que essa história me compromete”.



Compromete tanto que, ao lado do ex-diretor na hora da entrevista, a mulher dele, animou-se a fazer uma proposta indecorosa aos repórteres.



Eis o que disse Denise Araújo Zohbi durante a conversa: “Essa reportagem vai acabar conosco, o João vai ser demitido...”



“...O que eu posso fazer? Dinheiro? Se eu te der meu carro, você não publica?”.



Como se vê, o padrão ético dos Zoghbi é de uma maleabilidade inaudita.



Por muito pouco o patriarca da família não virou diretor-geral do Senado.



O cargo era de Agaciel Maia, demitido depois que se descobriu que omitira a posse de mansão avaliada em R$ 5 milhões.



José Sarney já havia escolhido Zoghbi para a função de Agaciel. O caso do apartamento funcional cedido ao filho o fez dar meia-volta.



Embora afastado da diretoria de Recursos Humanos, Zoghbi ainda é servidor do Senado.



Sob padrões mínimos de moralidade, o vaticínio de Denise Zoghbi –“O João vai ser demitido”—deveria converter-se em realidade. Porém...



Porém, estamos falando do Senado brasileiro. Uma casa que não costuma render homenagens à lógica.

Escrito por Josias de Souza às 03h11

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